Pac-Man, o Neanderthal dos games
Vovô dos games, Pac-Man era só uma divertida bola quadrada
Por Douglas Portari
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E no início havia o nada. Uma mesa de bar vazia esperando pela pizza que um punhado de amigos havia pedido. Quando a danada chegou à mesa, o mais esfomeado, tomou a frente e tirou o primeiro pedaço. Normal, não fosse por um detalhe. O sujeito era um designer de games da empresa japonesa Namco e a imagem da pizza com o pedaço faltando mais do que lhe dar água na boca, iluminou sua mente. Nascia ali um dos games mais famosos já produzidos.
O nome do designer era Tohru Iwatani, pai da bolinha amarela chamada Pac-Man. O sucesso do jogo foi inversamente proporcional a sua sofisticação (?). Ele era tosco até à medula – isso, claro, se ele tivesse uma, já que o personagem principal era só uma bolinha feita de uma mixaria de pixels que o tornava quadrado. Gráficos? Resolução? Ora, Iwatani estava perdido num passado longínquo, uma era antiga chamada fim dos anos 70 onde os games ainda engatinhavam.
Mas Pac-Man, não. Ele, na verdade, nem tem pernas. Ele flutua. Enquanto tenta não ser pego por fantasminhas que o caçam dentro de um labirinto, ele segue comendo pontinhos que ficam no caminho. Por isso recebeu aqui no Brasil seu carinhoso apelido: Come-Come. O mais espantoso de seu sucesso, é que, na época, outros jogos que também fizeram fama no Atari eram muito mais ‘avançados’, como River Raid ou Space Invaders.
Pac-Man estava a anos-luz de um jogo de estratégia e chamá-lo de game de ação soa hilário. Mas fugir dos fantasminhas, comer as pílulas e passar para fases idênticas nas quais só a velocidade mudava era... muito legal. Criado inicialmente para arcade, só depois ele foi adaptado para o console Atari 2600. Apesar de ter sido considerada pelos ratos de fliperama uma cópia inferior (reclamavam até da músiquinha de ‘Game Over’, inconfundível, e que no Atari ficou meia-boca), foi por causa do console que Pac-Man ficou famoso.
Batom e laço na cabeça
Interessante também é a própria história do nome do jogo. A Namco japonesa escolheu um improvável Puck-Man. Para evitar trocadilhos com um palavrão da Língua Inglesa, a divisão americana trocou o nome antes do lançamento. No Brasil, o país da malemolência, ficamos no meio-termo, com nosso já comentado apelidozinho Come-Come. Para os freudianos ou, simplesmente, os de mente suja, havia um quê de duplo sentido aí...
Nos anos seguintes, várias ‘continuações’ e adaptações de Pac-Man foram criadas pela Namco. Ela liberou até um desenho animado, feito pela Hanna-Barbera que durou duas temporadas, The Pac-Man Show. Criou-se até uma versão feminina, a Ms. Pac-Man, de batonzinho e laço na cabeça. Apesar de não gozar (olha lá, hein!) da mesma fama de seu marido, para muitos, seu joguinho era mais divertido que o original.
Claro que com os anos repaginaram nosso amiguinho amarelo. Ele ganhou, inclusive, versões em 3D, cheias de estilo e gráficos mirabolantes que fariam a velha bolinha ficar vermelha de vergonha. No entanto, do alto de seus pouco mais de 20 anos, essa ‘instituição’ dos arcades e consoles sobrevive, como um ícone não só dos games, mas da nossa própria evolução como espécie. Em outras palavras, continuamos umas bolas quadradas amarelas. Mas nós gostamos.
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